Modos Gregos5 minutos de leitura

Quando se fala em Modos Gregos, geralmente o enfoque é nas notas em si, com comparações entre escalas. A tabela mais comum de se encontrar contendo as escalas é como a que temos abaixo. Nela, os valores estão distribuídos de forma com que as escalas se encaixem tanto na horizontal, quanto na vertical. O terceiro valor da primeira linha é o segundo valor da segunda linha e é o primeiro valor da terceira linha. Ou seja, o Mi é a terceira nota no Jônio, a segunda nota no Dórico e a primeira nota no Frígio. É uma distribuição matemática e muito lógica, que ajuda a conhecer as escalas.

Os 7 Modos Gregos com a armadura natural

Isso é muito útil em um momento inicial e para a visualização das escalas. Porém, para um entendimento mais profundo sobre o assunto, convido você a acompanhar a análise a seguir.

Pela tabela acima pensamos a partir das notas. Isso equivale a dizer que o Jônio é a escala de Dó a Dó, o Dórico é a escala de Ré a Ré, o Frígio é a escala de Mi a Mi, etc. Mas isso, por si só, é apenas uma introdução ao assunto. Pois a compreensão do que significam essas escalas é algo que está além de simplesmente decorar notas. Para entender melhor a relação entre essas escalas, precisamos analisar os intervalos dentro da escala. Dessa forma, pela disposição acima, os intervalos são os seguintes:

Os intervalos dos 7 Modos Gregos

A partir dessa tabela podemos compreender claramente que a nota Mi, por exemplo, é a 3M no Jônio, a 2M no Dórico e a Tônica no Frígio. Pode parecer óbvio e até irrelevante, mas para compreender os Modos Gregos, entender essa diferença é essencial.

Breve revisão dos intervalos

Para tanto, vamos revisar os intervalos brevemente.

• Intervalos maiores: alegres, expansivos e extrovertidos.
• Intervalos menores: tristes, melancólicos e introvertidos.
• Intervalos Justos: neutros.
• Intervalos aumentados: são os intervalos justos, ou maiores, que se expandem para cima, ou para fora.
• Intervalos diminutos: são os intervalos justos, ou menores, que se voltam para baixo, ou para dentro.

Essa é uma discussão que vai longe. Na lista acima eu defini resumidamente. Só para constar, ainda é preciso levar em consideração coisas como o timbre e o andamento. Mas para não causar confusão e ir direto ao ponto, vou utilizar a lista acima como referência.

O que essa lista nos mostra

É bem simples. De maneira direta, um modo que tenha bastante intervalos maiores será um modo mais alegre que outro que tenha bastante menores. Por exemplo, se compararmos o Jônio com o Eólio, é fácil de se perceber que o Jônio é mais “para cima”, mais jovial, mais alegre; enquanto o Eólio é mais melancólico e intimista. O Jônio possui 2M, 3M, 6M e 7M. Já o Eólio possui 2M, 3m, 6m e 7m. Não é difícil de entender o porquê o Jônio soa mais alegre e o Eólio mais triste, baseado nesse raciocínio.

É claro que isso não é uma regra ortodoxa e saliento o que já disse: ainda é preciso levar em consideração outras coisas, entre elas, o timbre e o andamento.

Os Modos maiores e os Modos menores

Tradicionalmente se diz que são três modos maiores: Jônio, Lídio e Mixolídio; enquanto existem quatro modos menores: Dórico, Frígio, Eólio e Lócrio. Essa definição é baseada na terça. Como Jônio, Lídio e Mixolídio têm a 3M, são considerados modos maiores. E como Dórico, Frígio, Eólio e Lócrio têm a 3m, são considerados modos menores.

Porém, há outra definição que considera a quantidade de intervalos maiores e menores. A terça vai ter uma importância maior nos intervalos modais devido à harmonia terciana. Mas essa lógica de sobreposição de terças e de acordes é muito posterior ao surgimento dos Modos Gregos. Portanto, é aceitável e justificável em vários sentidos que se considere a quantidade de intervalos maiores e menores na classificação dos modos.

Nesse caso, nós temos:

Quantidade de intervalos maiores e menores nos modos

E se considerarmos os intervalos tonais também, temos o seguinte:

Quantidade de intervalos maiores, menores, justos, aumentados e diminutos nos Modos Gregos

Dessa forma fica bem fácil de visualizar quais são as escalas mais tristes e quais são as mais alegres. Vamos atribuir um valor numérico a cada intervalo. Sendo assim, os intervalos alegres são valores positivos, enquanto os tristes são valores negativos. A valoração dos intervalos fica d seguinte maneira:

• Intervalo maior = +1
• Intervalo menor = -1
• Intervalo justo = 0
• Intervalo aumentado = +2
• Intervalo diminuto = -2

Dessa forma, temos os seguintes valores para cada modo grego:

Valores das escalas

Assim, nós temos um espectro da escala que mais remete a sentimentos negativos (ou interiorizadores), até a escala que mais remete a sentimentos positivos (ou externalizante).

Arrumando de um jeito em que o menor valor fique embaixo e o maior acima, temos o seguinte:

Intervalos nos Modos Gregos

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