Este post é voltado para um estudo prático de Harmonia. Se você já toca algum instrumento, ou quer começar a tocar, este é um ótimo começo para entender um dos pilares da teoria musical. É um estudo simples, voltado para iniciantes, e para intermediários que queiram recapitular, ou ter uma visão diferente. Bons estudos!
Definindo o que significa Harmonia
Tradicionalmente se diz que Música é uma arte com três atributos: Ritmo, Harmonia e Melodia. O ritmo é o tempo, a harmonia é a relação entre as notas, e a melodia é a distribuição dessas notas ao longo do tempo. Existem muitas formas de se definir a mesma coisa, mas eu vou abordar esse assunto em outros posts. Como essa é a primeira postagem sobre harmonia musical, vou procurar manter tudo simples. Neste estudo de harmonia número 1 vou utilizar um exemplo de quatro acordes na tonalidade de Ré maior.
Quando se fala em harmonia é comum se associar o assunto a acordes, o que é correto. Mas harmonia vai um pouco além disso, e engloba todo o aspecto vertical da Música. Essas duas visões, a do acorde e a do aspecto vertical é que eu vou abordar agora.
Exemplo prático deste estudo
Para começar, os acordes que usarei para exemplificar são:
- D
- A
- Bm
- G
Nessa sequência, que está na tonalidade de Ré maior, o D é a Tônica, o A é a Dominante, o Bm é a Relativa e o G é a Subdominante. As notas que formam o acorde de Ré maior são D, F# e A. As que formam o Lá maior são A, C# e E. As de Si menor são B, D e F#. E as do acorde de Sol maior são G, B e D. Eu vou colocar isso na partitura, logo abaixo, mas não é preciso saber ler partitura para acompanhar o texto. Porém você pode começar a entender sobre partitura, caso queira.
Nesse exemplo todos os acordes estão na sua posição fundamental (com a Tônica no baixo). Entretanto a Tônica não precisa ser a nota mais grave do acorde. Quando outra nota, que não a Tônica, está no baixo, dizemos que o acorde está invertido. A progressão harmônica deste exemplo contém apenas tríades, que são acordes com três notas. Logo, além da Tônica, é possível que a Terça ou a Quinta estejam no baixo. Quando se estuda harmonia, uma das primeiras coisas deve ser a inversão de acordes. Isso porque o entendimento da formação de acordes e suas inversões estará presente em grande parte do estudo de harmonia.
As notas dispostas na partitura, no exemplo acima, são (de baixo para cima) as seguintes:
- D = D, A, F# e D
- A = A, A, E e C#
- Bm = B, F#, D e B
- G = G, G, D e B
Exemplo de inversão de acorde
Agora eu mudarei apenas uma nota em toda a sequência. A partir disso o acorde de Lá maior, que estava na posição fundamental, ou seja, com a Tônica no baixo, vai ficar invertido. Eu vou colocar o C# no baixo, que é a Terça do acorde. Quando um acorde tem a Terça no baixo, diz-se que ele está na primeira inversão. Isso porque, depois da posição fundamental, essa é a primeira inversão possível. Analogamente, quando o acorde tem a quinta no baixo, diz-se que ele está na segunda inversão. Confira na partitura como fica.
Como você pode reparar, apenas a nota Lá mais grave do segundo compasso mudou. Ela passou da Tônica para a Terça. Assim, o acorde, que estava na posição fundamental, ficou a primeira inversão.
Um detalhe importante é que se analisarmos cada nota como vozes separadas (S – C – T – B), antes o baixo fazia D, A, B, G. Agora o baixo utiliza notas em sequência. Isso, além de dar um colorido diferente e não tão óbvio, dá individualidade à voz mais grave. Esse ponto é especialmente útil para quem toca contrabaixo.
Como aproveitar o que foi visto até agora nesse estudo de harmonia
Acho interessante pensar que mudando apenas uma nota em uma sequência de quatro acordes, você já tem outra sonoridade. É uma pequena mudança, mas mesmo assim já produz resultados. A partir disso, é fácil concluir que não é preciso uma rearmonização completa para surtir efeito. Digo isso porque, às vezes, há quem deixe de fazer uma pequena mudança dessas por achar pouco. É importante lembrar que muito da Música é sentimento. Em outras palavras, detalhes pequenos como inverter um acorde, botar uma nona, ou uma sétima, talvez sejam suficientes para mudar significativamente o sentimento que a música em questão transmite.
Outra dica que vale a pena é em relação ao baixo. Nesse exemplo temos I, V, vi, IV, mas podemos usar a mesma lógica em outras progressões. Numa progressão que tenha I e vi, note que entre a Tônica do I e a Tônica do vi temos a Tônica do vii, que por sua vez é a Terça do V. Da mesma forma como o C# foi usado no baixo, aqui no acorde de Lá maior, ele pode ser usado como nota de passagem.
Por enquanto é só. Futuramente eu publico mais algum estudo de harmonia. Espero que tenham gostado e até a próxima.