Quando eu era criança ouvi algumas vezes a pegadinha “vamos ver se tu é bom em matemática, responde rápido”: Se tu estiver em ilha com três palmeiras e cada palmeira dá três cocos, quantos cocos têm na ilha? “Nove!” Muitos caíam nessa. Mas palmeira não dá coco, coqueiro é que dá coco. Isso nos mostra que é pela fruta que se conhece a árvore, e vice-versa. Para se saber o que é filosofia, nada melhor, então, do que saber quais são os principais filósofos e o que eles disseram.
Mas isso talvez não seja o suficiente, então precisamos de um ou outro detalhe aqui e ali para entender de fato o que ela é. Essa abordagem também deixa uma brecha, pois reduz o conceito de filosofia aos filósofos tradicionais. O ideal é entendê-la pela visão de especialistas, o que é óbvio em qualquer área; porém sem ignorar o que outras pessoas dizem à respeito. Isso porquê a filosofia não é um conhecimento acadêmico longe da realidade cotidiana.
O que você vai ver neste artigo
Infelizmente existe uma crença razoavelmente grande, por parte de um número expressivo de pessoas, de que filosofia é coisa de “intelectual”, de “gente que fala difícil”, etc. Isso afasta muita gente dela. Vamos à definição, com etimologia e afins para entender afinal o que é essa tal de filosofia.
Definição
Quanto a invenção do termo, usualmente se diz que Pitágoras (570 – 495 a.C.) foi quem inventou a palavra filosofia. Porém não há algo que ele tenha escrito que confirme isso. Vamos entender melhor essa discrepância?
Filosofia é a junção de duas palavras, filo (amor, amante, amigo) e sofia (sabedoria). Diz-se que Pitágoras é o inventor do termo, pois ao ser perguntado se ele era sábio, ele respondia “Não sou sábio, sou alguém que ama a sabedoria, e por isso a busco”. Digo isso de uma forma bem resumida e reformulada.
Alguns significados da palavra filosofia ainda incluem:
- Amor ao conhecimento
- Apreço ao ato de pensar
- Admiração pela atividade intelectual
- Busca pela verdade
Essas são formas menos óbvias de se denominar a palavra filosofia, que são deduzidas por mim depois de estudar o assunto em diversos livros. Livros que trazem uma abordagem menos tradicional podem trazer conceitos como estes. Mas, se for para um trabalho do colégio ou faculdade, provavelmente é melhor ficar só com a descrição básica.
Sobre o estudo de Filosofia
Existem muitas coisas que se podem falar sobre isso, e eu não tenho a intenção de me estender desnecessariamente. O que há de mais fundamental, é que sem pensamento não há filosofia. Em meio a definições, livro e autores, nada é mais fundamental do que associar o ato de filosofar com o ato de pensar, refletir, avaliar e reavaliar.
Podemos tentar entendê-la levando em consideração suas origens, suas mudanças históricas e o lugar que ela ocupa no mundo de hoje. Tudo isso ajuda muito, mas ajuda a entender a filosofia como algo. E é preciso separar filosofia de filosofar.
O estudo da Filosofia envolve, então, entender o que ela é a partir dos conceitos sobre ela, assim como filosofar de fato. Entender o que é filosofia é um estudo sistemático, tanto quanto entender o que é música. Mas da mesma forma como entender o que é Música é diferente de se tocar um instrumento; entender o que é Filosofia não é o mesmo que filosofar.
O que é filosofar?
Para ajudar a fazer essa distinção entre a coisa (filosofia) e o ato (filosofar), trago alguns pontos que podem ser úteis.
- Filosofar não envolve apenas dar respostas ou argumentar, envolve ainda a qualidade dos argumentos e se as respostas são verdadeiras.
- Fazer perguntas, questionar os porquês, responder e ter seus próprios argumentos sobre as questões básicas da vida são características típicas de um(a) filósofo(a).
- Ter um pensamentos crítico, capacidade de discernir o bem do mal, analisar problemas sob uma perspectiva ética, são condições inerentes de quem pratica o ato de filosofar.
Para quê serve a filosofia?
Essa é uma pergunta que eventualmente vem carregada com uma boa dose de veneno por parte dessas pessoas que acham que pensar é inútil. Infelizmente temos que aguentar gente tão pequena assim. Não são poucos os pensadores que se ofendem com perguntas mesquinhas imbuídas de maldade e ignorância como estas. É claro que a pergunta “para quê serve a filosofia?” nem sempre é mal intencionada, e é exclusivamente para as pessoas que têm interesse real em saber o que é filosofia que eu respondo. Para os ignorantes de carteirinha que não ajudam em nada e ainda sentem prazer em atrapalhar, eu digo apenas que a filosofia deve servir, em primeiro lugar, para que os filósofos exponham a ignorância humana sem se contaminar com ela.
Estudar Filosofia nos dá a esperança de aprender a pensar melhor e de agir com mais sabedoria, o que acarreta em ajudar a melhorar a qualidade de vida de todos nós. É fácil de se perceber que pensando melhor podemos agir melhor. Isso é útil para todas as pessoas, individual e coletivamente falando.
Exemplos
Uma artista plástica que faz quadros, pinturas, estatuetas e diversos tipos de artesanatos, precisa desenvolver a capacidade de analisar suas obras eficazmente e “observar” seu trabalho por pontos de vista que não são os seus. A filosofia proporciona um acurado raciocínio crítico, o que significa melhorar a capacidade de análise de suas próprias obras. A filosofia também nos dá as bases de uma tradição intelectual maior do que somente nossas opiniões pessoais. Isso nos faz ir além de nosso pequeno mundo, para adentrar numa perspectiva que engloba entender opiniões diferentes. Como se pode ver, a filosofia ajuda a desenvolver habilidades inestimáveis na criação da arte.
A utilidade da filosofia para artistas plásticos não é tão óbvia. Mas falar sobre a relação dela com o direito e da utilidade dela para um advogado é ser redundante. Basta colocar que a filosofia dá fundamentos sólidos para desenvolver argumentos lógicos em vários contextos.
(PAUSA)
Pergunta para os brasileiros e brasileiras:
Agora é dia 24/11/2022, 16:04, e acabou de começar o jogo do Brasil na copa. Eu estou aqui me esforçando para escrever algo útil que mude a vida das pessoas para melhor, mas sou considerado inútil. Um pensador que reflete, cogita, pensa de novo e mais uma vez, para escrever algo relevante e benéfico a todos é considerado inútil. Mas milhões de pessoas na frente da TV vendo uma dúzia de homens correndo atrás de uma bola não é inútil. Somos uma nação de pensadores ou de pernas-de-pau?
(FIM DA PAUSA)
Áreas da Filosofia
Geralmente, a filosofia é dividida em quatro áreas principais: ética, lógica, metafísica e epistemologia.
A ética trata de uma das questões mais fundamentais da filosofia, que é o estudo da moral, ou do certo e errado, bom e mau.
A lógica por vezes não é tida como área, mas como um método de investigação filosófica. Apesar de existir um aprofundamento na lógica filosófica, o próprio ato de filosofar exige lógica, independente da área em questão.
Metafísica, também chamada de filosofia primeira por Aristóteles, é tida como o cerne da filosofia por uns e indispensável por outros. Ela trata de questões além, ou acima (meta) das experiências corporais (física), tais como a origem da vida e do universo, o que define o ser, a natureza de Deus, o que é alma, e afins.
Epistemologia é um ramo da filosofia que trata do conhecimento humano, sua natureza, a possibilidade de sua realização, bem como seus fundamentos e limitações.
