Antropologia é uma ciência que estuda o ser humano, sobretudo a cultura. Etimologicamente, é uma palavra que descende do grego, bem como sociologia, com a diferença do prefixo antropo, que significa homem, porém com o mesmo sufixo logos, que significa estudo. Vemos, portanto, que a antropologia se propõe a investigar a natureza humana. Confira, nessa Introdução à Antropologia, sua origem, desenvolvimento e antropólogos importantes.
Origem
Desde muito tempo atrás que o próprio ser humano é objeto de estudo do ser humano. Dessa forma, podemos dizer que a antropologia é um estudo muito antigo. Mas foi somente em meados do século XVIII que a antropologia se tornou um campo científico e específico de estudo, próprio e separado. Desde então a antropologia tem métodos de pesquisa inerentes à sua natureza, assim como objetivos distintos.
Mas a antropologia não surgiu, como um estudo do ser humano de forma geral, no século XVIII. Assim como, também, não é uma área de conhecimento indivisível.
A princípio se diz que foi na Europa do século XIX que a antropologia surgiu. Durante a expansão colonial europeia, exploradores procuravam entender a cultura dos povos “exóticos”, então observavam e anotavam o comportamento dos nativos.
Reflexão
Em Antropologia, o ser humano é tanto sujeito, quanto objeto de estudo. Por isso fica a dúvida se somos capazes de fazer um julgamento imparcial.
Principais áreas (ou subdivisões) da Antropologia
A Antropologia é dividida em duas grandes áreas principais: Antropologia Física e Antropologia Cultural. Mas as áreas da Antropologia são divididas de formas diferentes, dependendo da fonte. As definições mais antigas e tradicionais, contudo, costumam colocar essas duas que citei. Era comum dividir a Antropologia Física em subáreas, tais como Somatologia, Paleoantropologia e o estudo das Raças. Portanto, um texto da Antropologia, que pretende fazer uma introdução ao assunto, deve considerar isso. Mas caiu em desuso, ou mudou de área, essas divisões antigas. Com o avanço da Genética, enquanto ciência, tanto a Antropologia deixou de dar ênfase a detalhes físicos, como conceitos que nem “raça” perderam o sentido.
O mesmo acontece com a Antropologia Cultural que, para que essa introdução não seja rasa, é preciso colocar que áreas como Arqueologia, Linguística e Etnologia eram consideradas parte dela. Porém, Arqueologia e Linguística são hoje consideradas duas grandes áreas da Antropologia, independentes e separadas das duas grandes divisões iniciais.
Antropologia Física
Também chamada de Antropologia Biológica ou Bioantropologia, a Antropologia Física analisa as mudanças genéticas a partir do estudo de fósseis.
Ciências básicas da medicina, como a anatomia e a fisiologia, estudam a estrutura do corpo e as funções dos órgãos, respectivamente. Essas ciências estudam o ser humano do ponto de vista biológico e preocupam-se com o que é no momento. Embora importante para a Antropologia Física, esse não é o seu foco principal.
A dimensão da Antropologia Física abrange o processo de evolução humana, desde sua natureza mais remota. Nisso se inclui o grau de relação genética que mantém com outras espécies de primatas, extintas ou não, e as transformações que ocorreram no corpo humano ao longo do tempo.
Antropologia Cultural
A Antropologia Cultural, também chamada de Antropologia Social e, eventualmente, Etnologia ou Etnografia; analisa os aspectos materiais e imateriais que não são determinados pela genética. Enquanto a Antropologia Física se ocupa do estudo de fósseis e procura entender as diferenças corporais entre humanos de diferentes lugares e épocas, a Antropologia Cultural se ocupa das características aprendidas no convívio social.
Seja através da socialização (especialmente nos primeiros anos de vida), ou do sistema de educação, os padrões específicos de comportamento de uma cultura são fruto da influência do meio. O que uma sociedade produz nesse sentido (música, dança, artesanato, culinária, etc.) é uma identidade cultural (campo de estudo da Antropologia Física), e não uma identidade genética (campo de estudo da Antropologia Física).
Fases e aspectos sociais e individuais da Antropologia Cultural
Em um primeiro momento, a Antropologia Social remete às ideias de “(…) Malinowski e (…) Radcliffe-Brown (1968), [e] não deixam de lembrar os princípios da antropologia simbólica. (…)”. (LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. p. 91.) Porém, enquanto a Antropologia Simbólica tem como objeto de estudo os símbolos, mitos e visão do cosmos; a Antropologia Social:
“É um eixo de pesquisa que não se interessa diretamente para as maneiras de pensar, conhecer, sentir, expressar-se, em si, e mais para a organização interna dos grupos, a partir da qual podem ser estudados o pensamento, o conhecimento, a emoção, a linguagem.”
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. p. 83.
Na mesma página, Laplantine comenta que “Nada distingue realmente seu território do território do sociólogo.”
Segundo Durkheim, a Antropologia Social trata das instituições, da família, da moral e da religião. Especialmente a visão de Durkheim, conhecido por ser sociólogo e antropólogo, serve para definirmos bem o que é a Antropologia Social e, a partir daí, entender o que é Antropologia Cultural.
Se em um primeiro momento, isso que hoje chamamos de Antropologia cultural era fortemente associado à sociologia e tratava de questões inerentes à identidade dos grupos, com o tempo mudou sua perspectiva. Podemos dizer, assim, que a Antropologia Social deu origem à Antropologia Cultural.
Enquanto a Antropologia Social, associada à Sociologia, estuda as instituições; a Antropologia Cultural dedica-se muito mais aos comportamentos dos próprios indivíduos, que são considerados reveladores da cultura à qual pertencem.
Antropólogos importantes
Muitos antropólogos e antropólogas de diversos locais do mundo foram e são importantes não só para a antropologia. Mas falar sobre todos(as) eles(as) foge completamente do objetivo aqui. Tendo em vista que este texto é apenas uma introdução à Antropologia, vou listar apenas alguns poucos, dando ênfase aos que escreveram as primeiras obras antropológicas marcantes. Comecemos com alguns livros:
- Primitive Culture (1871) – Edward Burnett Tylor (1832 – 1917)
- Systems of Consanguinity and Affinity of the Human Family (1871) – Lewis Henry Morgan (1818 – 1881)
- Ancient Society (1877) – Lewis Henry Morgan (1818 – 1881)
Edward Burnett Tylor e Lewis Henry Morgan são dois antropólogos pioneiros. Mas eles não foram os primeiros a escrever sobre outros povos. Nem foram os primeiros a realizar expedições e depois anotar o que viram em suas viagens. Essas coisas acontecem desde tempos imemoráveis.
Tales de Mileto (625 a.C. – 546 a.C.)
Considerado o primeiro filósofo ocidental, viajou pelo Oriente Médio, onde aprendeu a Astrologia suméria e a Matemática egípcia. Por conta de seus conhecimentos astrológicos, previu uma ótima colheita de azeitonas e ganhou muito dinheiro com o aluguel das prensas para fabricar o azeite.
Os “pais da Antropologia moderna”
Não existe unanimidade quanto a quem é o fundador da Antropologia, tal qual nós a conhecemos hoje. Pelo que já foi mostrado acima, é possível perceber que o ser humano estuda a si mesmo há muito tempo. Também dá para notar que existem fases e ramificações dentro da Antropologia, que tornam praticamente impossível determinar um fundador dessa ciência.
Mesmo correndo o risco de falar besteira e de ser injusto com algum grande nome da Antropologia, trago uma lista com cinco nomes considerados pioneiros no ramo.
- Franz Boas (1858 – 1942)
- Marcel Mauss (1872 – 1950)
- Alfred Radcliffe-Brown (1881 – 1955)
- Bronisław Malinowski (1884 – 1942)
- Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009)