Artistas fazem dinheiro, é o que diz numa música da Nação Zumbi. Arte, já há um tempo, é sinônimo de arte visual, pintura ou desenho, à mão ou digital, principalmente. É comum se falar na “arte do disco”, que significa o desenho, pintura, ou foto da capa. Em inglês vejo basicamente dois termos para definir capa de disco: cover e art. E um ótimo exemplo de como computadores fazem arte é o DALL-E 2.
O termo arte, que antes englobava uma série de tipos de arte vai se tornando uma palavra para definir quase que exclusivamente arte visual. Se antes Música, escultura, teatro, poesia, cinema, por exemplo, eram arte, hoje têm nome próprio e arte é pintura e desenho. Uso essa análise da linguagem para fazer uma comparação. Para que se entenda como a Música se tornou jingle, entender como a pintura se tornou logo é fundamental.
Mas antes de chegar no DALL-E tem um longo caminho. Se séculos atrás a pintura e a Música falavam sobre questões religiosas, mitologia, natureza, árvores, flores, montanhas, seres humanos e suas construções, como barcos, arquitetura, ou conceitos puros, como liberdade, beleza ou amor; hoje a arte expressa o que? Qualquer coisa, desde que dê dinheiro. Bastante dinheiro.
Muitas das pessoas que são tidas como artistas hoje, no século XXI, não passam de mercenários usando algoritmos para vender seus produtos. Ícones da música pop idolatrados por multidões, com “músicas” que são feitas apenas baseadas nas tendências de mercado, usando qualquer nota, cantando qualquer coisa, com o único objetivo de lucrar cada vez mais. Esses são os artistas, que fazem dinheiro, enquanto os computadores fazem arte.
O que você vai ver neste artigo
Computadores são incapazes de fazer arte?
Certamente que não, inclusive fazem uma arte, muitas vez no mínimo, tão boa quanto a arte feita pelos humanos. O problema não é esse. O algoritmo não é um problema, a inteligência artificial não é um problema. O problema é sempre o mesmo: o ser humano, que faz um monte de merda e fica procurando culpado. Como diria Millor “Errar é humano, botar a culpa nos outros também”.
Antes de chegar no ponto onde eu começo a escrever que não existe mais arte de verdade, que tudo hoje é um pastiche idiota, vale lembrar a recorrência desse raciocínio. Se você pensa que essa coisa de dizer que uma forma de arte “morreu” começou com as críticas ao rock, você está deixando de fora muita coisa.
A sinfonia, que surgiu como introdução a algumas operas, depois se tornou um estilo próprio, que atingiu o seu ápice com Haydn, que fez 104 sinfonias; da mesma forma que o rock n’ roll, foi morta e enterrada diversas vezes. De um estilo de música puramente instrumental, com duração de 15 a 20 minutos, na sua forma mais tradicional, a sinfonia voltou a ter ligação com o canto na nona do Beethoven, quatro vezes mais longa que uma sinfonia clássica. E foram tantas mudanças que virou aquele burburinho de “sinfonia não existe mais”, “sinfonia mesmo é de Mozart”, “isso aí deveria ser chamado de outra coisa”, etc…
Enquanto os humanos fazem dinheiro, os computadores fazem a arte…
Como falei anteriormente, artista, hoje em dia, esse artista que a mídia vende, não tem nada a ver com arte. Essa arte pop deplorável, vergonhosa, que nada diz, serve só para enriquecer pessoas que estão interessadas em dinheiro e nada mais. Músicos e musicistas que tocam qualquer coisa com um equipamento caríssimo, visando uma coisa só: lucro. Querer dinheiro não é pecado, gostar de luxo não é imoral. O que é errado, de todas as formas, é destruir a Música para atingir esse fim. Vocês que amam tanto o dinheiro deveriam ficar no lugar de vocês e deixar os artistas e a arte em paz.
Eu não ligo para as tendências do mercado, nem para o algoritmo do TikTok. Não ligo mesmo para essa obsessão por lucro acima de tudo. Fodam-se. Deixem a arte e os artistas em paz. Esses mercenários de gravadoras e da mídia só usam a Música para enriquecer. Esqueçam a Música, se concentrem no dinheiro de vcs.