Pensar e agir

Pensar e agir visando o bem6 minutos de leitura

Pensar é fundamental, mas pensar sem agir é ter uma ferramenta poderosa e não a usar. Por isso devemos agir, acima de tudo devemos agir. Todavia, agir por impulso irrefletido, amiúde causa problemas. Então concluo que a ação deve ser orientada pela reflexão. E a ação, fundamentada no pensamento, deve estar voltada para o bem. Esse bem pode ser várias coisas, como o prazer, ou a sabedoria, entre tantas outras coisas. Mas a ação nunca deve perseguir aquilo que não escolheríamos por ser ruim. Em suma, devemos pensar e agir visando o bem.

Pensar e agir visando o bem, mas de forma flexível

A gente sempre ouve falar da importância de ter caráter, de ser uma pessoa justa e honesta. E tudo isso é verdade, claro. Mas o que nem sempre te contam é que a moral não é uma régua fixa, que serve para tudo e para todos. Na realidade, as coisas são mais complexas, e as nossas atitudes precisam ser flexíveis o suficiente para se adaptar a cada situação.

Pense no seguinte: você agiria da mesma forma com um amigo de longa data e com um estranho que você acabou de conhecer? Provavelmente não, né? Com o amigo, você se sente mais à vontade para ser você mesmo, para brincar e até mesmo para dar uns puxões de orelha. Já com o estranho, você vai ser mais formal, mais educado e mais reservado.

Isso não significa que você está sendo falso ou incoerente. Significa apenas que você está ajustando o seu comportamento conforme a situação e com a pessoa que você tem pela frente. E isso é fundamental para ter bons relacionamentos e para viver em sociedade.

Outro exemplo: imagine que você está em uma fila e alguém a fura na sua frente. Você vai ficar quieto e aceitar a situação? Ou vai falar alguma coisa?

A resposta depende de vários fatores. Se a fila for curta e a pessoa estiver com “cara de pressa”, você pode até deixar para lá. Mas se a fila for longa e a pessoa estiver claramente tentando se aproveitar dos outros, aí você tem todo o direito de se manifestar.

Novamente, não se trata de ser bonzinho ou chato. Se trata de usar o bom senso e de agir da maneira mais justa e adequada para cada situação.

As armadilhas da “boa intenção”

Em um mundo ideal, nossas ações seriam sempre guiadas por boas intenções. Agiríamos com compaixão, generosidade e justiça, buscando o bem-estar de todos. No entanto, a realidade é mais complexa. A boa intenção, embora louvável em sua essência, pode ser usada como uma máscara para ações que não são necessariamente boas.

Três exemplos de comportamentos falaciosos

Nem todas as ações motivadas por boas intenções são boas. Por um lado, ela é a força motriz por trás de ações altruístas e positivas. Mas por outro, pode ser usada como uma ferramenta de manipulação e controle, assim como para justificar ações que não são necessariamente boas. É fundamental estar atento a essas armadilhas, para podermos agir corretamente.

1. A capa da hipocrisia

Imagine um político que defende fervorosamente a causa ambiental, discursando sobre a importância da preservação da natureza. No entanto, em sua vida privada, ele ostenta um estilo de vida luxuoso, com uma enorme pegada ecológica. A boa intenção se torna uma capa para a hipocrisia, encobrindo a falta de coerência entre as palavras e as ações.

2. O caminho para o inferno

Em nome da “ajuda”, um grupo de missionários decide levar sua fé para uma comunidade indígena remota. Ignorando a cultura e os costumes locais, eles impõem suas crenças e valores, causando danos irreparáveis à identidade e à organização social da comunidade. A boa intenção se torna um instrumento de dominação, mascarando o etnocentrismo e a arrogância.

3. A tirania da benevolência

Um pai superprotetor decide controlar todos os aspectos da vida de seus filhos, acreditando que ele sabe o que é melhor para eles. Essa atitude, embora motivada pelo amor, impede a autonomia e o desenvolvimento dos filhos. A boa intenção se transforma em tirania, sufocando a liberdade e a individualidade.

A empatia como chave para o autoconhecimento e a conexão com o outro

Agora que já vimos a importância de tomarmos consciência das nossas motivações e das motivações dos outros, fica mais fácil perceber o quão complexa e demorada é essa jornada. Mas não se desmotive, pois é possível encontrar na empatia uma ferramenta poderosa para acelerar e aprofundar o processo.

O que é empatia

A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir o que ele sente, de ver o mundo com seus olhos. É um exercício de compreensão e compaixão que nos permite transcender o nosso egocentrismo e conectar-nos com a experiência humana em sua totalidade.

Como aplicar a empatia, na prática?

  1. Questionamento:

Busque entender as razões por trás de um comportamento.

Exemplo:

Sua amiga cancelou um compromisso em cima da hora. Em vez de se irritar, pergunte-se: “O que pode ter acontecido para ela fazer isso?”. Imagine as diferentes situações que a levaram a tomar essa decisão.

  1. Escuta ativa:

Exercite um diálogo saudável, baseado na igualdade. Lembre-se: “onde não há igualdade, a amizade não prospera”. Trate amistosamente as pessoas com quem você conversa, dialogue de verdade, não apenas fale sem parar. Não ignore a pessoa que conversa com você, não a trate como alguém que está ali para servi-lo, escutando tudo que você fala, sem que você escute o que ela fala também. Seja justo, igualitário.

Exemplo:

Um familiar está desabafando sobre um problema no trabalho. Evite dar conselhos precipitados, escute primeiro, escute atentamente, com respeito, e somente depois fale. Respeite seus sentimentos, não desdenhe da frustração que seu familiar passa no momento.

A empatia é um exercício constante que se desenvolve com a prática. Ao nos colocarmos no lugar do outro, abrimos espaço para a compreensão, o perdão e a compaixão. Isso não significa concordar com as ações do outro, mas sim entender suas motivações. Se você quer ter relacionamentos saudáveis com as pessoas, considere que a empatia é a base para a construção desse tipo de relacionamento.

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