O que move as escolhas

O que move as Escolhas4 minutos de leitura

Se eu puder escolher entre duas coisas, sendo que gosto mais de uma do que de outra, é provável que escolha a que gosto mais. Por exemplo, se vou a um restaurante e, na hora de escolher a bebida, minhas opções são um suco natural, ou um refrigerante, escolho a segunda opção, a qual é a que gosto mais. Mas, aquilo que move nossas escolhas vai além.

Nesse caso, a minha escolha terá girado em torno do prazer, especificamente o prazer maior que o gosto melhor me proporciona. O fator decisivo para eu tomar a minha decisão (e a minha bebida) é a realização do prazer de um sentido, o do paladar.

Porém, nem toda escolha é baseada na satisfação dos sentidos. Assim como nem toda escolha se baseia na obtenção de prazer.

Outros parâmetros para as escolhas

Um tipo de escolha simples e fácil é a que foi demonstrada anteriormente, pois basta escolher o que me satisfaz mais, ou o que me dá mais prazer. É quase inconsciente, no piloto automático, “deixa a vida me levar, vida leva eu”. Até me levanta a dúvida se isso é uma escolha realmente. Mas, às vezes, tudo que se quer é um acorde perfeito maior.

Todavia, se a escolha não é direcionada à possibilidade, que carrega em si, o prazer maior, ela tende ao quê? Primeiro, é preciso levar em conta que o prazer não é a única vantagem que existe, assim como, também, que existem vários tipos de prazer, não apenas os que advém da satisfação dos sentidos.

Prazer: sua natureza e tipos

O prazer, se colocado em oposição à dor, ou ao sofrimento, pode ser considerado uma vantagem, pois há pouca discórdia de que a dor é uma desvantagem. Só para começar a desenvolver o raciocínio, peguemos essa simples comparação.

Pode-se dizer, por conta disso, que o prazer é bom porque é uma vantagem. Partindo disso fica mais fácil perceber que a satisfação dos sentidos não é a única vantagem que existe. E assim sendo, existem outros prazeres, ou até mesmo outras vantagens (que podem ser, inclusive, desprazerosas).

Prazeres além dos sentidos

Pode ser um pouco mais difícil e distante a fruição de prazeres que estão além dos sentidos, mas isso não significa que não existam. O simples prazer de pensar, refletir, buscar respostas, típico de filósofos e filósofas, é um exemplo bem claro. Não é um gosto bom, nem um cheiro agradável, nem uma imagem ou som bonitos, muito menos um toque de veludo. Mas, mesmo que não esteja relacionado diretamente com a satisfação de algum sentido, é tão real quanto qualquer outro.

Porém, não é só isso. A satisfação de se fazer o bem, de ajudar alguém. Nada tem a ver com satisfação dos sentidos também.

O que move as escolhas, além do prazer dos sentidos

Voltando ao exemplo inicial, onde eu escolhi o refrigerante, porque acho mais saboroso que o suco natural. Naquele caso, o fator decisivo na minha escolha foi o prazer do paladar. Todavia, digamos que eu vá ao restaurante e esteja de dieta. Nesse caso, então, pode ser que eu escolha o suco natural, pois ele contém menos kcal. Aí, mesmo preferindo o gosto do refri, eu não o escolho. O que move a minha escolha, nesta segunda hipótese, é diferente. Em outras palavras, eu faço uma escolha diferente, por um motivo diferente.

Nesta segunda hipótese, a saúde, ou talvez a estética, são mais importantes que o prazer dos sentidos. O valor que cada um destes três parâmetros (prazer, saúde e estética) têm, muda conforme a pessoas e a situação. Não há um certo ou errado absoluto. O que há é uma valoração diferente para as mesmas coisas, devido às situações diferentes. Para entender melhor como funciona o processo de valoração, você pode ler este artigo sobre axiologia.

Conclusão

Sempre que fazemos uma escolha, procuramos otimizar os resultados desta escolha, ao escolher a opção mais vantajosa. Não importa o tipo, ou nível, de vantagem, que a opção escolhida tenha. Do mesmo modo, não importa se estamos buscando prazer, saúde, ou melhorar a aparência, como nos exemplos dados. Estaremos sempre buscando o melhor caminho, independente desse caminho ser o mais alegre, o mais honrado, o mais luxuoso, o mais seguro, etc…

O que move as nossas escolhas é a busca pelo que consideramos ser o melhor, naquela ocasião. A questão é que ninguém escolhe a opção que julga ser a pior. A não ser quando a pior opção é a melhor opção. Mas esse post não é sobre paradoxos. Deixemos estas divagações para a próxima.

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