Ferdinand de Saussure foi um linguista e filósofo suíço, considerado um dos fundadores da linguística moderna. Ele estudou filologia na Universidade de Genebra, mas suas contribuições para a linguística não se resumiram a este campo de estudo. Juntamente com a contribuição para a filologia e da linguística geral, Saussure deixou também um legado para a semiótica.
Ferdinand de Saussure e o Estruturalismo
O Estruturalismo iniciado logo após Saussure, chamado de estruturalismo linguístico, estruturalismo europeu, ou estruturalismo saussuriano; é reconhecido por grande parte dos teóricos como tendo início com a teoria saussuriana. Mas, mesmo tendo esse início mais ou menos bem definido (apesar da falta de unanimidade), o estruturalismo de Saussure se estendeu para outras áreas.
Todavia, o próprio Saussure não utilizou o termo estrutura em suas teorizações. O termo estruturalismo apareceu pela primeira vez no livro Curso de Linguística Geral (1916), que é um livro póstumo, editado por seus discípulos Charles Bally, Albert Séchehaye e Albert Riedlinger. A ideia de estrutura da linguagem, que deu origem ao termo estruturalismo, vem da tese que fundamenta a teoria saussuriana. Em outras palavras, para Saussure a língua é um sistema de signos em que suas partes são definidas inteiramente por suas relações, e não em si mesmas.
Posteriormente, o estruturalismo, proposto como um conceito linguístico, passou a ser usado por outras ciências. A própria definição do que é estruturalismo é criticada como sendo vaga. François Wahl e Roland Barthes são dois exemplos de autores que apontam a falta de sentido do termo.
Apesar da controvérsia e difícil definição, o termo estruturalismo foi adotado por outras áreas e é usado até hoje.
Relações da lógica estruturalista de Saussure com outras áreas
É possível perceber uma similaridade considerável com os fundamentos da teoria saussuriana e o pensamento sociológico. Podemos considerar que Saussure foi influenciado por Durkhein, por exemplo, conforme o artigo UMA TEORIA SOCIAL DA LINGUA(GEM) ANUNCIADA NO LIMIAR DO SÉCULO XX POR ANTOINE MEILLET:
“Enquanto Saussure ensinava em Paris, teve Antoine Meillet como um de
seus mais brilhantes alunos. Meillet o substituíra na École Pratique des Hautes
Études na ocasião de seu retorno a Genebra. Os dois linguistas, no entanto,
mantiveram contatos frequentes por correspondências. Entre os anos de 1905 e
1906, pouco tempo antes de Saussure iniciar o Curso em Genebra, Meillet, enquanto
contribuía com o jornal de Durkheim, definiu linguagem como um fato social
fazendo referência ao conceito de Durkheim. Dada a proximidade de Meillet com
Saussure e a abrangência mundial que tinha o jornal de Durkheim, L’année
Sociologique, é remoto imaginar que Saussure não tenha tido acesso a essa
publicação de Meillet. O fato de Saussure jamais ter indicado de onde saíra sua
inspiração ao compreender que a língua é um fato social faz crer que dificilmente
ele tenha se inspirado na noção de Meillet. Mais seguro é admitir que essa noção
era parte do pensamento científico-social da época.
O que se sabe, no entanto, é que foi Meillet, e não Saussure, o primeiro
linguista a publicar um texto caracterizando a lingua(gem) como um fato social.”
Daniel Marra & Sebastião Elias Milani
Influência do estruturalismo saussuriano em Lévi-Strauss
É claramente notável que ele influenciou Claude Lévi-Strauss, fundador do estruturalismo antropológico, linha teórica que procura explicar como os sistemas e elementos sociais se relacionam entre si, em contraponto à tese de Franz Boas, que procura explicar os valores intrínsecos das sociedades.
Uma possível interpretação da lógica da linguagem saussuriana aplicada à Música
Para Saussure, o fato linguístico é desprovido de substância e definido inteiramente por suas relações. Ou seja, as unidades linguísticas não têm valor em si mesmas, mas somente na relação que estabelecem entre si, sendo a relação entre essas unidades uma condição indispensável à existência da própria linguagem.
Se observarmos sob esta ótica as notas musicais, então compreenderemos que uma nota sozinha não quer dizer nada. Um dó é um dó, enquanto um ré é um ré, e nada mais. Tocadas isoladamente, sem qualquer tipo de contexto ou relação com outras notas, não possuem significado, tanto quanto uma letra solta no meio do nada.
Assim, um Mi é uma 5J para um Lá, mas uma 3M para um Dó.
Assim também acontece com o ritmo, onde determinada figura rítmica é uma coisa em um compasso, e outra completamente diferente em outro compasso. Um exemplo disso é a canção The Mirror, da banda Dream Theater. Nessa música, presente no álbum Awake, de 1994, a guitarra começa tocando três notas, num padrão que se repete. A bateria entra e “desloca” o ritmo da guitarra, ao tocar em diferentes compassos e dar, assim, acentuações completamente diferentes àquelas três notas da guitarra, gerando um sentido novo para a mesma coisa.
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