Escala de Dó maior (explicação + exemplos para violão e guitarra)11 minutos de leitura

A escala de Dó maior é também chamada de escala natural, pois não contém acidentes na armadura. Em outras palavras, quando se escreve partitura, antes de começar a escrever, se coloca uma quantidade X de sustenidos ou bemóis que vão indicar qual é a tonalidade.

Armadura

A escala de Sol maior tem um sustenido e a de Ré, dois. Em contrapartida, a escala de Fá maior tem um bemol e a de Si bemol tem dois. Esses sustenidos ou bemóis colocados antes de se escrever as notas, no início do compasso, servem para mostrar que toda vez que aparece a nota na armadura, ela não é natural. Em outras palavras, na escala de Sol maior, cuja nota Fá é sustenizada, em vez de colocar um sustenido toda vez que aparece essa nota, se coloca um sustenido nela no início, e assim é possível saber que o Fá sempre será sustenido, a não ser quando indicado que não, evidentemente.

A armadura é simplesmente esses sustenidos e bemóis colocados no início da peça. Pode acontecer de uma música em Sol maior ter a nota Fá natural, então se usa o bequadro, que é um sinal que serve para anular os acidentes da armadura. Ou então uma música em Mi menor em que aparece um ré sustenido. Nesse caso, como o ré é natural na armadura, se coloca o acidente. Isso facilita, pois somente as notas que não pertencem à escala em questão precisam da indicação que possuem um acidente.

No caso da escala de Dó maior não é preciso colocar nenhum acidente na armadura. Isso porque nesta escala, e na sua respectiva relativa, todas as notas são naturais.

Escala de Dó maior como princípio para entender as outras escalas maiores

É mais fácil e mais lógico entender as escalas maiores a partir da de Dó porque as notas são Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si. Para exemplificar, vou comparar a de Dó com a de Fá e a de Sol. A escala maior de Fá contém um bemol na armadura e a de Sol, um sustenido. Acompanhe as notas destas três escalas citadas, para fins de comparação:

  • Dó = C, D, E, F, G, A, B, C.
  • Fá = F, G, A, Bb, C, D, E, F.
  • Sol = G, A, B, C, D, E, F#.

Princípio da Escala maior

A escala maior é construída sobre uma relação específica de intervalos entre as notas. E como a escala maior descende dos modos gregos, essa relação de intervalos é igual à do modo Jônio. Acompanhe o raciocínio:

  • C – D = 1 Tom
  • D – E = 1 Tom
  • E – F = 1/2 tom
  • F – G = 1 Tom
  • G – A = 1 Tom
  • A – B = 1 Tom
  • B – C = 1/2 tom

A partir disso deduz-se a famosa fórmula da escala maior:

Tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom.

Para construir qualquer escala maior, basta usar esta fórmula.

Agora que já vimos os princípios teóricos básicos, vamos à aplicação dessa escala ao violão e a guitarra.

Oito exemplos da escala de Dó maior no violão ou guitarra

Exemplo 1

O primeiro exemplo tem uma oitava de extensão, começa no C2 e vai ao C3 (Dó central). O Dó central é escrito na primeira linha suplementar inferior, na clave de Sol. Mas a clave que se usa comumente para escrever para violão é a clave de Sol uma oitava abaixo. Geralmente, quando se escreve nesta clave, um “8” pequeno é colocado sob a clave, mas como já se supõe que a escrita para violão é nesta clave, às vezes não aparece. É o que acontece no Tŭ Guitar, programa que eu usei para escrever os exemplos de escalas. Por padrão ele utiliza a clave de Sol sem indicação de oitava abaixo.

escala de dó maior

Este primeiro exemplo é o mais simples. Começa com o Dó da 5ª corda e acaba na 2ª corda. Primeiramente eu priorizei o uso das cordas soltas, como é o caso da 4ª (D), 3ª (G) e 2ª (B). A escala sobe e desce, sempre no mesmo ritmo e acaba na cabeça do tempo. Assim como começar priorizando as cordas soltas, isso também facilita. É só pegar o violão e fazer. Mas não se preocupe em fazer rápido. Use um metrônomo, dessa forma você terá mais precisão no ritmo. Logo abaixo vou colocar o áudio, lembrando que o andamento dele é 120.

Exemplo 2

O segundo exemplo é bem parecido com o primeiro. As notas são as mesmas. Se você conferir na partitura, nada muda. Mas, ao olhar na tablatura você vai reparar que a digitação não é a mesma. Isso porque neste exemplo eu priorizei as notas sem corda solta, mas ainda naquela região. É uma variação simples.

escala de dó maior

O áudio é igual ao do exemplo 1.

Exemplo 3

Neste terceiro exemplo as notas ainda são as mesmas, na mesma disposição. Assim como antes, o que muda é apenas a digitação. Mas, se no outro exemplo mudava a digitação, permanecendo na mesma região do braço; aqui a escala é feita numa região mais aguda do braço, e começando na 6ª corda.

escala de dó maior

O áudio é igual aos exemplos 1 e 2.

Exemplo 4

Depois dos três primeiros exemplos, onde as notas e a disposição delas é igual, sendo que o que muda é apenas a digitação, no exemplo 4 a escala tem duas oitavas de extensão, em vez de uma. O ritmo, a disposição (por grau conjunto) e a direção continuam a mesma. O que muda, basicamente, é que, neste caso, o exercício tem duas oitavas de extensão. Ele está na mesma região do braço em que o exercício 3 está.

escala de dó maior

Exemplo 5

Como você pode notar só pela partitura, aqui já tem algo diferente em relação aos outros. Primeiramente o andamento é 60. Mas como o andamento é a metade e a figura rítmica o dobro, isso significa que vai soar na mesma velocidade.

Além do andamento e figura rítmica, o exercício 5 tem um diferencial importante em relação aos outros. As notas sobem em terça e descem em segunda (quando a escala é ascendente). Já quando a escala está descendo é o contrário, as notas descem em terça e sobem em segunda. É um padrão relativamente simples, mas que pode ajudar a desenvolver a musicalidade.

escala de dó maior

Exemplo 6

No exemplo 6, as notas não estão sempre no mesmo movimento (de ida e vinda), como nos 4 primeiro exemplos. Assim como no exemplo 5, as notas vão para cima e descem repetidamente. Uma comparação com o exemplo 5 nos dará uma visão mais acurada da lógica deste exemplo. No 5 temos C – E – D – F – E – G, etc. Sempre dando um salto de terça (grau disjunto) e voltando em segunda (grau conjunto).

Pois bem, o exemplo 6 sobe em grau conjunto e em grupo de três notas, depois desce por grau conjunto. Não há salto como no exemplo 5. Entretanto, se pegarmos o 5 e acrescentarmos a nota que “falta” no salto, chegaríamos a este exemplo 6. Acompanhe o raciocínio, sendo que as letras maiúsculas são o exemplo 5 e as letras minúsculas são as notas acrescentadas:

C – d – E – D – e – F – E – f – G, etc…

Exemplo 7

Em todos os exemplos até então, a escala tem o formato ascendente descendente. O exemplo 7 é o contrário. Isso é importante. Aconselho você a fazer isso com todos os exemplos, ou seja, inverter a ordem da escala. Se ela começa no grave e for para o agudo e depois voltar, começar no agudo, ir para o grave e voltar. E se começar no agudo, for para o grave e depois voltar, começar no grave, ir para o agudo e depois voltar.

Outra diferença é que este modelo desce quatro notas em grau conjunto,depois sobe uma em grau disjunto (desce em segunda e sobe em terça). Desta forma, temos a sequência C – B – A – G na cabeça dos quatro tempos da U.T. do primeiro compasso. Esse padrão é muito lógico e muito utilizado, pois prioriza as notas da escala em grau conjunto sempre na cabeça do tempo. É um ótimo arranjo.

Exemplo 8

O exercício 8 é uma variação do 7 para tentar corrigir algumas possíveis dificuldades de execução.

Nos exercícios 1, 2, 3 e 4, a Tônica final cai sempre na cabeça do tempo, o que facilita. No 5, 6 e 7, a Tônica final cai no contratempo, sendo que no 5 e 6 é um contratempo leve, mas no 7 cai no quarto tempo da U.T., ou seja, na última das quatro semicolcheias do primeiro tempo do terceiro compasso.

Para facilitar a execução, eu modifiquei algumas poucas notas. O resultado é o exercício 8, onde não tem nota no contra.

Comentários Finais

Espero que você tenha gostado. Muito obrigado por ler o artigo, e até a próxima.

1 comentário em “Escala de Dó maior (explicação + exemplos para violão e guitarra)”

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