No fim, tudo se resume a saber que esse mundo é transitório. Sendo transitório, ele não tem substância em si, mas pega emprestado a substância de que é formado, de outro mundo, um que não é transitório. Isso equivale a dizer que isso aqui é apenas uma ilusão. O que importa não é construir castelos na areia, mas saber como atravessar essa ponte entre o irreal e perecível, e a fonte de tudo, a substância da vida.
O que você verá neste artigo
Aqui, nesta forma de ser, tudo que vemos, ouvimos, ou conhecemos, um dia se esvanece. Daqui a mil anos, nada disso que eu vivi e vivo existirá mais. Que realidade há nisso? Ou sendo mais específico: que substância há nisso?
Os dois lados do abismo
Daqui a milhares de anos, cada molécula que hoje forma o meu corpo terá feito milhares de reações químicas com milhares de outras moléculas, de tal forma que a única coisa que eu poderei ser é uma memória. Uma memória de uma coisa que já não existe mais. Isso aqui, que vivo agora, se dissolve com o tempo, se dilui.
Tudo neste mundo passageiro começa e acaba. Vidas, amores, ciclos, dias e noites. O que importa, no fim das contas, é achar um jeito de criar um link com o mundo das ideias, que é o que dá substância a todas as coisas efêmeras, que é só o que podemos conhecer, se não conseguirmos presenciar outro mundo, que não este, dos sentidos.
O destino passageiro
O destino não é aonde vamos chegar, mas por onde vamos passar. Depois de estabelecida uma ligação com o cerne das coisas, com a substância vital a todos, todos os destinos são iguais, posto que todos são transitórios. O que interessa é manter a conexão. Pois sem essa conexão proporcionada pela ponte entre o mundo efêmero e o substancial, somos simples decoração.
Referências Bibliográficas
- Sobre a brevidade da vida – Sêneca
- O Tao da Física – Fritjof Capra
- Cânticos – Cecília Meireles
- 10 Lições sobre Leibniz – André Chagas F. de souza
- A República – Platão
- I Ching